Territórios

“Os artistas que participam comigo na criação de Territórios, já conhecidos por suas carreiras em outras companhias de dança, dispensam apresentações. Escolhidos pela personalidade única que mostram em cena busquei a heterogeneidade como nosso carro chefe. A dança particular de cada corpo e a soma dessas diferenças me fizeram acreditar no potencial criativo do grupo. Desde a coreografia Quem é o rei?, criada em 2004, no primeiro ano do Ateliê Coreográfico do Rio de Janeiro, acalento o desejo de voltar a trabalhar com um grupo formado somente por homens. O universo masculino me atraía não apenas por seu vigor, mas, principalmente, pelo sentimento de união que ali percebia. A diferença, nesse sentido, não era apenas o ponto de partida, como também o de chegada. Os caminhos trilhados por estes profissionais, tanto suas distintas formações técnicas quanto suas variadas qualidades cinéticas, tornaram o nosso desafio, a difícil tarefa de encontrar meios para criarmos juntos, ainda mais gratificante.

A convivência, ao longo dos seis meses em que construímos esse trabalho, possibilitou o reconhecimento de diferenças e afinidades, e, sobretudo, que o afeto se instalasse como nosso principal elemento organizador. A vocês rapazes, todo meu carinho.

E é essa experiência que divido agora com vocês.

Esther Weitzman – Coreógrafa

“Em Territórios Esther Weitzman aprofunda sua pesquisa de movimentos na fisicalidade dos corpos masculinos, criando um universo vigoroso, delicado e fraternal. São as particularidades e a individualidade de cada um dos intérpretes que estabelecem e moldam a trajetória do grupo, em um incessante (re)construir, criando uma identidade que é única e, ao mesmo tempo, plural. Memórias encarnadas em corpos que se deixam acessar através de jogos de encontros e desencontros, transitando entre o lúdico e a sobriedade. Biografias, portanto, que operam não no terreno do constante e do linear, mas do transformador, em estados que se deslocam temporal e espacialmente, estabelecendo laços e aproximando diferenças para criar o sentimento de pertencimento tão presente em todo trabalho. Ao captar, de maneira instigante, a vitalidade potencializada por estes bailarinos tão singulares, Esther apresenta não só mais uma coreografia, mas uma obra em que a alteridade é, de fato, parte fundamental de sua constituição. Longe de processos unificadores, o que se dá a ver em cena são momentos únicos de uma refinada percepção do outro, a partir da qual a voz do conjunto pode então ser ouvida.

Beatriz Cerbino – Dramaturga

Ficha Técnica:

Direção/Concepção/Coreografia: Esther Weitzman

Assistência de coreografia: Milena Codeço

Ensaiadora: Milena Codeço e Carla Reichelt

Bailarinos/Criação: Alexandre Franco, Edney D’Conti, Felipe Padilha, Gerah Diaz, Júlio Lopes, Marcellus Ferreira, Marcelo Lopes, Rodrigo Maia e Samuel Frare

Dramaturgia/Organização de texto: Beatriz Cerbino

Desenho de luz: José Geraldo Furtado

Trilha Sonora: Klezmer / Tom Waits

Figurino: André Camacho

Projeto gráfico: Marcello Cavalcanti

Preparação de voz: Leticia Carvalho

Professores: Alexandre Bhering (contato/improvisação), Esther Weitzman, Carla Reichelt e Milena Codeço (Dança Contemporânea)

Fotos: Robson Drummond


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